O que são?
São uma abordagem desenvolvida pelo terapeuta alemão Bert Hellinger (1925-2019). O autor percorreu um largo percurso dentro das terapias, tendo estudado, entre muitas, a Gestalt-terapia, a Psicanálise, a Terapia Primal e a Análise Transacional. Tendo-se formado também em Teologia e em Filosofia, as constelações familiares resultam numa metodologia com efeitos terapêuticos e altamente transformadores, ao mesmo tempo que atua como uma ferramenta altamente espiritual e ao serviço da reconciliação e da paz.
No seu processo, o autor descobriu que a consciência não é o juiz do certo e do errado, mas está ligada a certas ordens pré-estabelecidas, as quais denominou de Ordens do Amor ou Ordens de Origem.
Assim, não é uma abordagem mística ou esotérica. A espiritualidade neste âmbito diz respeito a uma vivência transpessoal que todos podem sentir. Numa constelação vivemos estados alterados e ampliados de consciência. Podemos sentir gratidão pela Vida e pelo mistério de tudo o que nos trouxe até ao momento presente; podemo-nos emocionar com aqueles que viveram grandes sacrifícios na nossa família, mesmo sem os conhecermos; assim como podemos sentir um amor ampliado por todos os povos e nações.
Nestes estados alterados de consciência podemos dizer que somos conduzidos por uma força coletiva e que congrega toda a humanidade e que está muito para além de perceção pessoal de quem somos enquanto pessoas. Esses estados alterados de consciência são os mesmos que podem ser sentidos também numa meditação, numa respiração, numa dança, ou numa outra qualquer abordagem transpessoal.
O desenvolvimento do seu trabalho levou-o a descobertas sobre a natureza do vínculo e da ordem dentro dos grupos humanos e de como o “amor cego” e a necessidade de pertença; a ordem e a compensação podem estar subjacentes às dificuldades individuais e relacionais.
É autor de dezenas de livros, muitos traduzidos para português.
Atualmente a sua obra é continuada pela mão da sua esposa Sophie Hellinger.
Objetivamente
Em termos mais objetivos poderíamos dizer que as Constelações propõe (também) uma abordagem social e sistémica da questão que o cliente traz. A abordagem social dá mais destaque ao contexto, ao grupo ao qual pertencemos, enfatizando o impacto e a influência que estas relações têm em nós enquanto indivíduos, e que se sobrepõe à própria vontade e liberdade individual. E neste sentido a abordagem sistémica está sempre presente realçando que o todo tem um impacto mais relevante do que apenas uma parte.
Neste pressuposto, e em relação aos grupos sociais (família), os acontecimentos familiares e os traumas vividos em qualquer geração, condicionam os mapas internos pelos quais nos guiamos inconscientemente o que faz com que sintomas, sensações e comportamentos muitas vezes pareçam ser maiores do que nós e difíceis de transpor e de compreender quando se utiliza apenas uma abordagem individual (e não sistémica).
A constelação coloca-nos então perante essa imagem ampliada do nosso sistema, permite-nos compreender esses grandes movimentos trangeracionais e finalmente ativar espiritualmente um campo de sanação onde o amor, o respeito e a reconciliação com o todo nos torna mais fortalecidos e mais aliviados.